segunda-feira, 27 de abril de 2009

De bom só restou a boina preta de veludo


Foto de Zoe Favole

Fim de semana mal amado, perigoso, musical e cansativo.

A noite de sábado estava com um tempo razoavelmente agrádavel. Nem muito frio, nem com muito vento, ausente de qualquer garoa e eu no centro na cidade de São Paulo. Aquelas luzes amarelas nos grandes postes e aquela energia metropolitana me contagiando. Já tinha me precavido de algumas coisas, sai com uma bolsa não muito nova e dentro estavam só objetos que se fossem roubados não me fariam tanta falta e o celular estava dentro na minha roupa. Chegando perto do metrô São Bento precisamente no Viaduto do Chá o aparelho começou a vibrar.

-Roberta pode atender?
-Não atende isso aqui!!!

A curiosidade mórbida me venceu e atendi... Segundos depois vi dois garotos mal vestidos e sujos correndo na nossa direção.

-Me dá o telefone se não eu te furo!
-Vai me furar com o quê? Com o seu dedo?

A Roberta nos jogou em cima de um casal que estava passando.

-Deixa a gente em paz...

Saímos correndo e quase fiquei sem sapatilha. Ainda bem que certas experiências que tive me me dão coragem se não eu tinha ficado sem telefone. Até parece que eu dar meu celular pra um trombadinha ir fumar pedra...

A noite não saiu nada como esperava, a companhia esperada se ausentou e deu mancada, a música não era tão boa, a caipirinha me deu azia e ainda fiquei gripada de tanto esperar na frente do bar.

No domingo um consolado passeio pelo centro que durante o dia é menos perigoso. Fui com as minhas amigas na feira da Praça da República. Ficamos dividindo espaço na fila com os turistas que esperavam seu pedido, acabei comendo um pastel cheio de óleo. Nunca tinha ido nessa feira e gostei muito. Lá tinha muita comida diferente e uma imensa variedade de quadros com vários estilos de pinturas diferentes. Só não gostei do apelo turístico neles, muitos desenhos de cortadores de cana, baianas e alguns quadros de favelas. Pelo amor de Deus! O brasileiro não quer ser rotulado de favelado, mas pinta quadro de favela para os turistas levarem.

Para amenizar os descontentamentos do fim de semana encontrei e comprei uma boina de veludo preta. Meio fútil, mas foi o que deu para fazer...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Velha Umpalumpa sem noção

Foto de Sheila Tostes

-Trem maldito!

Geralmente é o que penso quando estou dentro dele. Sábado eu estava totalmente frenética para ir embora e chegar logo em casa. Meu dia preferido da semana! Era por volta das 16h30, o trem estava lotado e o pior: um cheiro horrivel que não dava pra aguentar.

Na minha frente, uma senhorinha por volta dos 70 anos. Era pequena, magra, os cabelos eram no tom cinza e na altura dos ombros. Trajava uma blusa num tamanho maior do que o dela. A estampa da blusa era quadriculada preta e branca, quando eu vi até fiz uma piada comigo mesma: 'Olha só pra mim se estivesse plantando arroz em Várzea Alegre...' Usava uma saia longa que tinha um estampa crua. Nos pés um tênis de corrida todo preto.

A porta abria, fechava, as pessoas entravam, saiam, as velhas reclamavam, a molecada ouvia o funk na altura que queria, enfim tudo aparentemente normal. Derrepente a senhorinha levantou a saia na altura das couchas muito magras e começou a apertar como se tivesse espremendo algo.

-Oxi!!!!!!!!!

Uma senhora já tinha se ofendido...

Não mais que do nada a vovó tira toda a roupa, pega no MEU BRAÇO e com uma voz muito rouca proferiu as seguintes frases:

-O maquinista quer cheirar minha xeréca... Fala pra ele que ela é muito fedida!

Na hora que eu vi essa cena, eu pensei 'cacete por que no meu braço?'

E ela continuava (PELADA)...

-Fala pro maquinista que o meu joelho ta doendo de tão forte que ele bateu!

-E a minha xeréca é muito fedida...

E deu um tapa na minha bunda. Eu estava paralisada, com olhos arregalados para a senhorinha que estava nua na minha frente e proferindo tais insanidades. Todo mundo que estava em volta dela saíram quase correndo. No vagão as pessoas se espremiam no canto para se ver longe da tal 'pouca vergonha'. E a mulher não largava do meu braço e no meu pensamento a toda hora vinha um 'PUTA QUE PARIU VESTE ESSA ROUPA E ME SOLTA SUA DOIDA SEM NOÇÃO!!!'. Mas, eu não falava nada, a velha colocou a roupa e sentou como se nada tivesse acontecido...

-Falta muito pra estação de Mauá?

Processamento de vontades

Foto de Zoe Favole

Preciso do seu braço, do seu colo. Preciso do seu talento, da sua inteligência. Preciso do seu humor, do seu carisma. Preciso que você fique perto de mim, que me acolha.

Preciso do seu carinho, da sua violência intima. Preciso que escreva para mim, que me agrade. Preciso do seu beijo, das suas mordidas. Preciso que saia comigo, preciso que fique aqui sem fazer nada no quentinho.

Preciso dos seus conselhos, da sua experiência. Preciso que me ensine e que me deixe te orientar. Preciso dos seus elogios, da sua auto estima. Preciso da sua espiritualidade, da sua calma. Preciso ver seus olhos incomuns, preciso que me olhe. Preciso que cuide de mim como da primeira vez que nos vimos.

Preciso da sua proteção, da sua responsabilidade. Preciso da sua sensibilidade, da sua tolerância. Preciso da sua perspectiva de vida, da sua perseverança. Preciso que esteja feliz, que sorria.

Sempre poucas horas para ter tudo o que preciso. Condenso o tempo para demorar pra passar. Quase nunca adianta, sigo em frente, quase no escuro até chegar em casa, deitar na minha cama e processar o que faltou... Não faltou nada!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Breve encontro com a prostituta

-Que merda!!! Não vou chegar a tempo no trem...

Foi o que estava pensando hoje bem cedo... Esperando os carros pararem de passar para eu atravessar a rua e chegar na estação. Derrepente me aparece uma voz do além que diz:

-Não aguento mais passar por isso todos os dias... Néh?!

Quando olhei do meu lado, vi uma mulher que aparentava ter uns 30 anos. A roupa dela era muito escrota. Trajava uma blusinha amarelo opaco um pouco frouxa, uma calça branca que estava bem suja como se ela tivesse sentado no chão e se arrastado, nos pés um tamanco preto brilhante com salto quadrado estilo anos 80. O cabelo estava preso, era crespo e estava bem seco. Na barriga que estava a mostra, uns pêlos enormes e pretos que me deram até arrepio.

-Você esta´indo trabalhar?
-Sim...

Nessa hora era deu sacudida no corpo e pôs a mão na cintura e disse:

-Sorte a sua!!! Eu estou indo me humilhar!
-...

Entrei na estação e a última visão que tive foi ela gritando com o motorista de um Uno vinho.

-Quer me atropelar mesmo seu animal?

terça-feira, 14 de abril de 2009

MOVA

Dia de externa sempre contém anedotas interessantes...

Equipe:
Pauteiro: Fernando
Repórter: Braz
Editora: Eu
Cinegrafista: Shogum
Cabo men/ estagiário (yeah): Samuca

Ontem a noite estava com uma chuvinha insuportável e um vento gelado que dava ódio. Entramos no Monza vinho e seguimos para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. A discórdia imperava devido a indecisão do caminho para chegar ao terminal Ferrazópolis. Nenhuma externa está livre de sustos nem que seja sem querer.

-Por favor o diretor.
-Vixi ele já foi embora.....

..................................................

Pausa dramática...

-Como assim? Nós marcamos!
-Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh.... Então ele deve estar aqui ainda....
-Ufa!

Durante a montagem do equipamento o Shogum apressava a galera e agilizava o Samuca... Depois da montagem do tripé da luz veio a ordem:

-Põe fogo ai!!!!!!!!!

A entrevista rolando e uma fumaceira danada começou a subir...

-Owwwwwwwwwwwwwwww tá pegando fogo na luz!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
-Você realmente não estava brincando quando disse que era para por fogo heim mewwww....

Saímos correndo da entrevista para gravar o resto da matéria numa escola pública. Era 20h37 e nós tínhamos que chegar na escola até 21h20. Estava difícil de chegar então resolvemos perguntar...

Primeira pessoa perguntada: -Iiiiiiiiiiii mewwwwwwwwwwww vocês tem que ir pela favela...

Segunda pessoa perguntada: -Iiiiiiiiiiiiiiiiiiii mewwwwwwwwwww lá não entra carro nessa rua...

Terceira pessoa perguntada: -shozkhisois & % @ adhoiokkm # ausohk ....

-Porra esse cara tá louco!!!!

Como estavamos atrasados o Shogum recomendou ligar para a entrevistada. Tive que aplicar um psicológico João Grilo na mulher...

-Olá profesora eu sou da equipe de telejornalismo e nós já estamos chegando...
-Massssssssssssssssssssss a gente já está saindo....
-Massssssssssssssssssssssssss a gente está chegando....
-Massssssssssssssssssssssssssssssssssssssss a gente está saindo...
-Ué massssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss a gente já está chegando....

Com sorte e graças a visão de gato do Braz e a nossa reza dentro do carro conseguimos chegar numa rua escura que era estreita e só tinha espaço para um carro e meio. O Fernando teve que dar um de Gisele Bundchen no filme Táxi para manobrar lá. Foi então que passou um moço com uma jaqueta fechada até o nariz e um boné, essa visão causou uma reação geral....

-Manoooooooooooooooooooooooooooooo
-Tranquei!!!!

Sobrevivemos ao susto, entramos na escola e gravamos o final da reportagem que por sinal valeu muito a pena. A pauta era sobre o MOVA, um movimento de alfabetização de adultos do ABC. Lá entrevistamos alguns alunos do projeto e a professora que nos contou que além da missão de alfabetizar tem também a missão de criar um senso critico nos estudantes. O que mais achei interessante foi a idade deles, pois na sala que fomos tinha até uma senhora que devia ter por volta dos 70 anos. Para eles aprender a ler e a escrever é conhecer o mundo e eu gostei muito dessa matéria porque ela também vai mostrar que depende muito da força de vontade dos próprios alunos.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Maria manicure

Foto de Renata Alves dos Anjos

-Nossa que sono!

Foi o que eu disse no sábado às 9h00 quando cheguei ao salão no Ipiranga.

Enquanto a cabeleireira tomava café uma mocinha morena jambo veio falar comigo...

- Você veio fazer as suas unhas também néh? Vamos começar.

O nome da manicure era Maria, só isso. Enquanto mexia nas minhas mãos ela começou com a famosa técnica de puxar assunto e fazer a cliente contar toda a sua vida, só não contava que eu fosse jornalista e que eu é quem iria perguntar tudo da vida dela.

Ela estava meio tensa porque o marido estava a quatro dias com a mala pronta para ir embora só porque o celular dela tocou e segundo a mente do 'Rafael' era um amante.

A profissional é como milhões de brasileiros e milhares que vem para São Paulo. Tem 22 anos, nasceu no Maranhão e veio para cá depois que a mãe morreu. Quando chegou aqui logo conheceu um rapaz e está casada com ele há 5 anos e não tem nenhum filho.

- Você quer que eu pinte de vermelho ou de renda?
- De renda, com glitter...
- O brilho por cima ou por baixo?
- Por cima...

Ela teve sorte, pois mora num confortável apartamento de cinco cômodos no Ipiranga mesmo e só paga R$ 250,00. Sorte mesmo se for levar em conta o número de famílias que moram em favelas e dividem poucos metros quadrados.

Ela gosta de trabalhar em salão e não pensa em fazer faculdade já que parou os estudos na 6ª série. Não tinha sotaque, mas falava umas frases engraçadas. Maria
está satisfeita, já que tem um trabalho que segundo ela "dá pra ganhar um dinheiro", o marido trabalha num açougue e como é ciumento, acabam não saindo muito e por isso quase não tem gastos.

-Gostou?
-Parabéns, você trabalha muito bem!

Eu não serviria para viver assim tão conformada, mas tem pessoas que sentem-se feliz, então não custa nada um pouco de motivação para elas seguirem em frente.

-Gostei mesmo!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Vibe de velho

Foto de Feliphe

Ontem eu escutei uma discussão e entrei dentro da sala onde estava acontecendo a discórdia.

- Isso é um absurdo!

- Como é que uma mãe pode fazer isso?

- Eu acho isso totalmente errado!

- Que falta de responsabilidade!

O motivo dos argumentos era sobre os pais do nosso cotidiano. A geração de pais deste contexto social, que tiveram filhos muito jovens, permanecem solteiros e causam mais que os filhos. Saem de balada, vão dar uma volta na quinta e só aparecem na segunda feira, muitas vezes consomem drogas, álcool e se vestem numa moda de 20 anos atrás.

Um caso particular levou a essa discussão que demorou vários minutos para acabar.

O que acontece e ninguém presta atenção é que realmente tem algumas pessoas que estão querendo viver a juventude aos 30, 40 anos e quem está sofrendo a conseqüência são os filhos que tem que se virar para não morrer de fome durante a viagem ‘uhullllllll’ dos seus responsáveis.

O jovem que fica ausente de atenção por meio destes pais fanfarrões na minha opinião pode ter dois caminhos: pode se revoltar e virar mais um ser imprestável na sociedade motivo de incompreensão e falta de compreensão ou pode aprender com os erros a sua volta e se tornar um adulto responsável e ser um bom representante da sua classe social.

Contudo, pensando bem mesmo na nossa realidade e como todo mundo adora se apoiar em muletas, a grande maioria das pessoas que passam por isso vão se apoiar nas desculpas para justificar todos os erros que cometer.

MORAL DA HISTÓRIA: Mais um monte de gente sem futuro no mundo...

terça-feira, 7 de abril de 2009

Viro o que quiser

Foto de Fernando Freitas
Rua Cardeal Arcoverde /SP


Sonhei que estava na sala... Tudo estava normal, um sofá, um rack, uma guitarra encostada no canto, algumas plantinhas, os mais variados bibelôs dentre eles algumas lembranças de viagens.

Derrepente o ambiente se encheu de água. Quando percebi eu tinha mergulhado de cima do sofá e estava nadando no chão da sala que agora era o mar. O liquido estava tão turvo que fazia muito esforço para sair do lugar. De nadadora virei um barco, a embarcação própria, tinha um casco, um convés, uma proa e até uma âncora. Sentia a água bater em mim e balançava de acordo com a maré.

Quando cansava de ser barco subia em cima se sofá e mergulhava no chão de novo, nadava, virava barco e depois mergulhava de novo. Muitas vezes até eu perder a conta, até eu cair no sono no sonho e acordar na manhã do domingo para tomar banho e lavar os copos da noite anterior.

Sampa

Foto de Fernando Freitas
Rua Cardeal Arcoverde – Pinheiros / São Paulo

São Paulo é incondicionalmente o lugar que mais mexe comigo. Tem inumeráveis qualidades e infinitos defeitos.

Uma vez dentro desta cidade o seu tempo não lhe pertence mais! Afinal o jargão capitalista já diz: ‘tempo é dinheiro!’ Na prática significa correr o tempo inteiro, permanecer sempre atento, esperto e ágil!

Se locomover dá trabalho de todas as formas se você tem um carro seja ele importado ou antigo certamente terá que enfrentar horas de congestionamento. Analise pelo lado bom você pode ficar ouvindo algumas (ou muitas) boas e animadas músicas até sair do lugar. No caso se for de metrô terá que enfrentar um risco de vida diário nas plataformas, ou você quase morre caindo nos trilhos ou quase morre sufocado no vagão. Para quem anda de trem a paciência é fundamental já que a lerdeza é para fazer qualquer um surtar, não esquecendo que quem sai cedo de casa perece no aperto também.

Após a semana estressante da correria empresarial há os merecidos happy hour‘s. As baladas são de todas as cores, escuras, claras, brilhantes, etc. Existem bares cheios, vazios, chiques e bregas. Quem freqüenta é de todo jeito: gente feia, pobre, rica , bonita, etc. Elas consomem drogas, drinks, cervejas, tábuas de frios e tudo o resto que estiver disponível.

A cidade é cheia de riqueza! Há mansões que valem milhões, carros igualmente caros, grifes, marcas personalizadas, restaurantes e hotéis para poucas e selecionadas pessoas entrarem. Festas com celebridades famosas nacional e internacionalmente. Os vinhos são importados e as prostitutas também! Sem dúvida um lugar para poucos!

A desgraça humana também rodeia metrópole. Entretanto, a deixarei de fora deste texto...

Tantos motivos para ficar e tantos para ir embora, mas a cidade hipnotiza, transforma, apaixona e é por isso que nós retirantes insistimos em vir para cá e fazer parte dela!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Cinco centavos... Dez centavos... Um pacote de bolacha...

Foto de Fernando Freitas
Praça Antonio Prado – SP


Hoje eu estava indo para faculdade e vi de novo uma moradora de rua que fica na Silva Bueno no bairro Ipiranga onde trabalho. Ela estava deitada em cima de um monte de roupas e cobertores ao lado de um poste, folheava um catálogo com um olhar bem triste.

Na minha mente hiperativa já veio uma guerra de pensamentos praticamente ao mesmo tempo:

PENSAMENTO 1: 'nossa por que será que ela está com esse olhar tão triste?'

PENSAMENTO Nº 2: 'porra Derla! Ela está no meio da rua, daqui a pouco pode chover pra cacete, não tem lugar para tomar banho nem banheiro e por fim ela nem deve saber o que vai comer hoje antes de ir dormir!'

Fiquei fritando como será que ela tinha virado moradora de rua, se tinha parentes, etc. Quando eu vejo alguém em situação similar começo a refletir uma série de coisas na minha vida. De como o mundo e as pessoas são hipócritas.

Se vejo uma criança vendendo bala no trem até tarde da noite ou no farol passando por todo tipo de situação para ganhar alguns trocados paro e tenho sempre a mesma vontade: ir onde tal criança mora pra saber o porque dela estar ali faltando em aulas, deixando de se divertir e perdendo sua infância. Porque na minha opinião passar o dia correndo de fiscal na estação de trem não é uma ocupação de qualquer criança.

Hoje cedo estive em São Bernardo e vi uma senhora na rua com uma bacia cheia de caixas de remédios e pedindo segundo ela "uma caridade...' De onde saiu essa pessoa? Porque ela está ali no Sol, no chão, na miséria, na humilhação (sim! Por que não?) ?

Na realidade a hipocrisia se mistura ao medo. As pessoas não estão nem ai! Viram a cara para não ver a ferida da perna do outro que está pedindo uma moeda... Não faço parte dessa massa de despreocupados eu me importo e me entristeço por não poder fazer quase nada.