quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Igor: um jornalista de alma japonesa

Seja na escola, no trabalho ou até num restaurante você pode encontrar algum personagem que você irá comentar depois. "Owww lembra daquele fulano doido, estranho, maluco, engraçado?" No caso da minha universidade o nome dessa pessoa é Igor. Um rapaz alto que usa sempre (digo SEMPRE mesmo) um chapéu de pescador com listras verdes. No entanto, esta é apenas uma das suas marcas.

-Você gosta de cultura japonesa? Estou envolvido num projeto e gostaria de parceiros...

E aproveitando este momento que as pessoas estão dizendo "puts ele falava isso mesmo" eu comento sobre a sua maior peculiaridade. Ele é um jornalista japonês! Não de etnia, mas de alma. Ele nasceu no país errado. O que mais gosta de fazer é ler mangá japonês e todas as outras coisas que os japoneses gostam, ele até trabalha num site de cultura japonesa. Certa vez me disse em plena campanha eleitoral: "Se me colocarem para fazer política eu mando assinar minha DP, eu só quero se for cultura japonesa!!!" Justamente estava cursando uma DP na minha sala, pois não era a primeira vez que tinha pedido para assinarem as suas DP's. Emblemática era a forma com que ele se aproximava nas rodas de conversas. O silêncio imperava quando chegava, o motivo era o que vinha cantando...

Katai kizu na ni, omoi o yosete
Katari tsukusenu seishun no hibi
Toki ni wa kizutsuki, toki ni wa yorokobi
Kata o tataki atta, ano hi...
Are kara dore kurai, tatta no darou
Shizumu yuuhi o, ikutsu kazoetarou
Furusato no tomo wa, ima demo
kimi noKokoro no naka ni imasu ka...

Isso mesmo! O Igor canta músicas japonesas nos corredores e salas. Não é raro falar com ele e de repente perceber que ele está cochichando alguma música em japonês. Sempre com o chapéu de pescador com as listras verdes. Com certeza para mim o Igor é o aluno da faculdade mais emblemático que conheço, mas minha real dúvida é: o que acontecerá com Igor se um dia ele perder seu chapéu de listras verdes? É como se o Chaves perder o seu chapéu...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Saga épica de cobrir pautas do Lula

Foto de Felipe Logli

Hoje eu fui pela primeira vez cobrir uma pauta do senhor excelentíssimo presidente da República vulgo Lula. A saga começa pelo credenciamento. Mando o e-mail com todos os dados para Brasília, eles me respondem faltando 15 minutos para acabar o prazo.

-Você tem que mandar do e-mail da empresa...
-Já está no e-mail da empresa...
-Mande de novo...

Como já sabia que se perdesse o prazo do credencimento iria perder a vida junto liguei para confirmar. Me atenderam, houve uma certa enorme dificuldade de diálogo, mas enfim consegui.

-Que horas é para chegar?
-É recomendável vocês chegarem uma hora e meia antes...

Esse foi o recado que o fotógrafo me deu ao ir buscar os crachás... Cheguei às 8h30 no local com a minha sapatilha Melissa e já aviso "NÃO VÁ COBRIR PAUTAS DE MELISSA"... Na área reservada para imprensa estavam todos os veículos de informação. TODOS. Essa é a parte boa do trabalho, conhecer gente diferente, percebe que o repórter do Jornal Nacional é tão humano quanto você e ainda pode ver o repórter do CQC pagar mico quebrando uma cadeira de plástico que estava em cima enquanto gritava para o presidente.

-Presidente o senhor não trouxe o Sarney hoje?
-Não, eu vim com a Marisa mesmo...

O popular xiqueirinho da impresa se divide em jornalistas comuns e jornalistas da grande mídia. Enquanto nós normais comentamos o ambiente e procuramos conhecer pessoas estes últimos estão com um olhar firme nos grandes jornais. Em menos de 5 minutos eles já leram os 3 principais jornais do estado e fazem comentários analíticos imcompreencíveis. Outra diferença é que nós normais rimos das piadas do Lula e eles acham um absurdo.

-A educação é importante para que as crianças não falem menas laranjas como eu falo...
Estava com a minha Melissa e com muita fome. De repente me toquei de algo fundamental...

-CADÊ MEU BLOQUINHOOOOOOOOOOOO?

Eu estava sem nenhum papel de pão para anotar as falas do presidente e autoridades acompanhantes. Liguei para o fotógrafo e pedi a gentileza de que providenciasse um, só que ele me apareceu com um caderno universitário. Não tem jeito sou muito ligada a estética da profissão e já podia ouvir os cochichos dos outros repórteres "Olha só aquilo que bizarro hahahahahahaha". Consegui com meu poder de persuasão que outra repórter me desse um bloquinho que tinha a mais, ela deve estar rindo até agora.
Evento com Lula é assim: a fome aperta, ninguém tem nada para comer, ninguém está vendendo nada, aí começa a chover, um frio de bater os dentes e eu de Melissa... A essas alturas jurava que amputaria os dois pés já que fiquei com eles assim até as 16h. O Lula não deu entrevista coletiva e tivemos que nos contentar com as amizades novas.

-Nossa seu sapato é muito estiloso e bonito!

-Também acho, mas não serve para cobrir pautas na chuva...
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E você já passou pelo mesmo veneno?

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Predestinada.

Foto de Marco Gomes
Predestinar: Destinar antes ( Dicionário Melhoramentos)

Estava lendo o blog do meu amigo jornalístico Braz e refleti um pouco sobre algumas certezas que tenho sobre a escolha que fiz. Ele fala no texto que uma colega de redação faz freela para Vogue e se sentiu 'menor' porque ela está melhor profissionalmente que ele e isso o fez refletir sobre o porque teria escolhido ser jornalista.

No meu caso a sede por algo maior começou cedo. Eu nasci em Várzea Alegre no Ceará, umas das piadinhas que já ouvi é que o estado tão pobre que até o nome é engraçado. A cidade tem 40 mil habitantes e só. Não tem shopping, não tem transporte público, a água encanada só apareceu em 2000, não tem universidade e não tem mídias 'grandes'. Não nego minhas origens. Jamais! Sou varzeaalegrense mesmo! Contudo, quando e como me tornaria Jornalista?

Na minha família ninguém tem universidade, nem minha mãe, nem meu pai e nenhum tio. Meus avós são agricultores e meus primos que moram lá não tem profissão, inclusive uma prima tem filho com homem casado. Ok! Essa última informação não tem relevância. Trabalhei muito e hoje falta pouco para terminar minha faculdade e não me arrependo nenhum minuto. O sentimento que o Braz teve hoje já tive em relação a ele, pois não estava trabalhando na área e todo mês tinha revista com a assinatura dele nas bancas enquanto eu passava raiva em um trabalho que não gostava. Para mim este sentimento é normal e tudo se ajeita com o tempo e o esforço.

Tenho certeza de algumas coisas e uma delas é que tentarei respeitar o Código de Ética acima de tudo. Respeitarei minhas fontes porque sei o quanto isso é fundamental e também tenho certeza de que defender o interesse público é o mais importante. Talvez eu tome algumas porradas da vida por isso, mas tenho convicção de que construirei uma credibilidade respeitando o ser humano e seus direitos. E como eu sempre digo: o que é nosso está guardado!
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Você está predestinado para algo? O que está guardado para você?

terça-feira, 30 de junho de 2009

Foi demitido? Se prepara...

Foto de Javier Prazak
para passar raiva!

Estive a pouco na Caixa Econômica Federal. Deus é mais na minha vida! Porque estava eu e todas os 800 mil moradores de São Bernardo. Sem exagerar! Primeiro fui numa lotérica em um shopping aqui próximo. Estava tentando sacar a primeira parcela do meu seguro desemprego. Esperei na fila uns 30 minutos, depois a mocinha de 40 anos do caixa me disse que eu tinha que validar a senha do meu cartão cidadão.

-Que senha? Me falaram que era só vir aqui com o cartão. Não o cartão e a senha!
-Você tem que ir na Caixa validar uma senha...

Ah tá! Que ódio mortal desse sistema do inferno. Depois de ser demitido de uma empresa você tem que fazer mais esforço e ter mais paciência do que o Frodo no Senhor dos Anéis. Primeiro você vai fazer homologação na contabilidade. Eles dizem:

-Tudo prontinho! É só você ir no PoupaTempo e DEPOIS na Caixa SACAR!

O que acontece quando você chega no GastaTempo? Fila. E depois de horas nela e finalmente quando chega a sua vez e bate aquela felicidade a moça diz:

-Olha você tem que ir na caixa primeiro...

Querendo resolver a situação de uma vez por todas você vai logo em seguida na Caixa e? Fila. Se Deus ajudar e estiver tudo liberado você saca o fundo de garantia e volta para dar entrada no seguro desemprego e? Fila.

-Agora sim moça. Daqui a 45 dias é só você ir na Caixa ou na lotérica com o cartão.
-Só isso? Tem certeza? Eu nunca usei meu cartão...
-Só isso mesmo!

E 45 dias depois... Hoje!

-Põe a senha do seu cartão...
-Que senha? Me falaram que era só vir aqui com o cartão. Não com o cartão e a senha!
-Você tem que ir na Caixa validar a senha...

Deus é mais. O banco lotado já na entrada. Uma fila maldita para tentar passar pela porta inútil que 'identifica metal'. Isso é uma grande mentira! Uma palhaçada para fazer as pessoas de humilharem! Por que os Unibancos do Ipiranga e Tatuapé não tem? Eles por acaso não tem medo que eu entre com uma basuca lá? E por que na Nossa Caixa do centro de Diadema me deixa entrar com duas bolsas enormes sem nem tirar o celular e o guarda chuva? Porta giratória é mentira! E fico louca quando vejo as senhorinhas quase tirarem a roupa para entrar num banco. Hoje teve até um moço que foi obrigado a tirar o cinto. Isso é um absurdo! E se funcionasse mesmo por que os bancos são assaltados? Com arma de plástico?

Outra situação que me deixa furiosa é você na senhora Caixa não ter funcionários para atender os milhões de brasileiros que vão lá sacar o bolsa família, bolsa escola, seguro desemprego, depositar na poupança, arrumar tudo quanto é tipo de senha, dar entrada no fgts, etc. Enfim, todos os serviços do mundo são feitos lá e não tem 20% de funcionários que é necessário. E os que tem estão sempre em horário de almoço. Sempre! E fazem esse horário das 10h até 16h. Esculacham com o povo. E mais fila! Não aguento passar e nem ver este tipo de situação. O que acontece é que as pessoas não tem escolha e são obrigadas a perderem seu tempo no GastaTempo e na Caixa.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Achados e perdidos!

Estava passeando pelo orkut outro dia e me surpreendi.


'ela é jornalista e vai entrevistar a banda TYRon.. aguardem genteee '
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Achei essa montagem com essa legenda no album de um dos muitos amigos que conheci atravez da internet no ano passado... O baixista Flavio Mignard! Valeu Flavio você é demais! Obrigada mesmo! A cada dia me surpreendo mais! hahaha

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Para onde mesmo?

Tem algo que faço constantemente e nunca contei para ninguém. Hoje eu cheguei em casa, fui ao banheiro, peguei minha gatinha Ariel no colo e andei até o quarto da minha mãe só para garantir que ela estava dormindo antes de ir para o meu quarto. Nas escadas eu agradeci.

-Obrigada Deus por estar viva e por encontrar as pessoas do jeito que deixei!

Aproveito também esse momento para pensar em porque estou viva. Para que vivo? Por que tenho tanta certeza que nasci para virar jornalista? Será que isso vai fazer alguma diferença no mundo ou sou mais uma? Meu gato Augusto morreu esta segunda feira de falência nos rins, ele tinha apenas 2 anos. Por quê? Acho que a pior parte da vida de um ser humano é sair de casa e não saber se vai encontrar as pessoas que ama quando voltar. A duas semanas meu pai sofreu um acidente de trabalho e quase perdeu a perna. Por que estamos sujeitos a isso? E onde meu gato está agora? Será que sua essência sumiu já que ele é um animal? Será que a minha outra gata que é mãe dele sente falta?

Acho que morrer é como dormir. Tudo se acaba. Não sou atéia, isso é uma comparação. Quando dormimos nossa vida se congela. Pára! E quando acordamos tudo recomeça... Por que temos a sensação de que algo já aconteceu? Por que você jura que já viveu aquilo antes? Por que tem pessoas que morrem aos vinte, aos quatorze, aos oito? E por que há pessoas que vivem até os cem anos? Qual é a nossa verdadeira ligação com animais domésticos? Por que os cachorros aparentam que vêem coisas que nós não?

Domingo estava vindo para casa. Vinha caminhando na estação do Brás por volta das 22h00 e vi uma senhora chorando no chão do corredor com seus filhos envolta pedindo para ela ter calma. Fechei meus olhos e pedi mais uma vez que Deus a protegesse e que chegasse bem em casa. Sempre faço isso. Quando vejo crianças vendendo doces nas conduções, peço que Deus leve-as de volta para a escola e que tenham um futuro digno. Quando vejo pessoas argumentando doenças nos trens, faço o mesmo. A pergunta é: por que faço isso? É involuntário e sincero! Isso é a única coisa que sei. Não gosto de pensar para onde vou e nem de onde vim, mas sei que amo todas as pessoas do mundo e inclusive as que não gosto e não conheço. Me desculpem a ladainha, mas este foi o texto mais sincero que já escrevi até hoje!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Susan Boyle dos cachorros

Foto de Jose Roberto V. Moraes

Para amenizar a minha ausência de textos e antes que a depressão das minhas possíveis duas DP's desse semestre vou escrever sobre um causo que aconteceu ontem. Estava como meu amigo acadêmico Braz na frente de uma pizzaria próxima da universidade. Falavámos do curso, sobre amizade e mais uma série de outros assuntos. Como sempre, não mais que derrepente uma mulher brota do chão com um pastor alemão enorme do meu lado. Para quem não sabe eu já fui mordida por um cachorro de rua a meia noite voltando de uma balada e por isso tenho trauma de cachorro na calçada.

-Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii caramba........
-O que foi moça?
-É que tenho um pouco de trauma de cachorro na rua...
-Ah é?!


A senhora estava vestida com uma roupa de moletom cinza e um casaco meio escroto verde água. A mulher era a Susan Boyle brasileira! CERTEZA! Igualzinha sem tirar nem por! Ela segurou a minha mão forte e disse:

-Passa a mão , o nome dela é Estela!
-Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh não moça obrigada!
-Você tem que perder o medo e é por isso que você vai passar! Para tirar o medo! E ela é boazinha!



Manoooooo! Que raiva! Estava vendo a hora da minha mão ser engolida pela Estelinha... Mesmo vendo que eu não estava afim a Susan agarrou minha mão com força e passou nas costas do animal. Tremi na base, mas ela não fez nada. O Braz começou a dar atenção para mulher que arrumou mil e cinquenta e dois assuntos diferentes para falar. Parecia uma conversa de msn com vários links, mas em uma janela só.

-Eu tenho um husky, mas ele não tem olho azul. No verão eu levo ele para tozar , as a veterinária não gosta, ai eu digo que 'não aguento mais lavar o quintal', ai meninos lavo o quintal todo dia, e os meus cachorros vivem soltos no quintal, não dá para ter cachorro na corrente, as minhas cachorras são muitoooo calmas...

Enquanto a mulher falava isso a cachorra começou a dar uns pulos e eu com medo ainda...

-Ahhh deve ter algum cachorro ali... Ela fica assim quando tem cachorro na rua... Falando nisso meninos dia 26 vai ter uma cantora maravilhosaaaaaa na igreja e vocês tem que ir! Eu moro aqui na rua , caso vocês queiram me ver... Gente que cheiro de pizza! ADORO PIZZA!

Mewww já deu para imaginar a cena. Só que o que ainda não contei é que a Susan Boyle dos cachorros estava falando a vida toda dela e ainda NÃO TINHA SOLTADO DA MINHA MÃOOOOOOOO!!! Eu olhava para cara do meu amigo e ele continua a dar atenção para mulher, dizendo que tinha cachorro peludo também e bla bla bla e nada da mulher soltar a minha mão! Foi um conjunto de situações ruins: a mulher era muito feia vulgo o apelido que dei, ela falava arregalando os olhos o que me dava muito medo, a Estela estava frenética do meu lado querendo sair e NÃO tinha nenhum cachorro na rua como ela tinha dito e como se não bastasse a mão dela era pequena e gorda e a consistência parecia uma bexiga cheia de maisena!!!! Deveria ter gritado : SOLTA MINHA MÃOOOO SUSAN BOYLE DOS CACHORROS! Mas, como sempre não fiz nada a não ser olhar com cara de tarzam para o Braz para de dar atenção para doida. Por fim, a mulher foi embora depois de meia hora de falação sem parar segurando a minha mão em cima de uma cachorra enorme!
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Pois é, espero que tenham curtido mais um texto sobre essas zique ziras que acontecem comigo. galera queria covocá-los a ser seguidores do meu humilde blog! É só se cadastrar! Valeu!