quarta-feira, 25 de março de 2009

O mundo é dos espertos

Foto de Angel Raul Ravelo Rodriguez

E digo mais: dos esforçados!

Por semana eu entrevisto cerca de 100 pessoas, geralmente entre os 16 e 35 anos. Toda seleção que faço eu me revolto e não vejo a hora acabe. O que acontece é que aparece um monte de gente despreparada, desqualificada e tudo o que você pode imaginar.

Eu fico impressionada quando entrevisto moças de 25 anos que tem três filhos (sendo o mais velho de 10 ou até 12 anos), nunca trabalharam com registro e o marido faz ‘bicos’. Também tem o pessoal que acabou de desembarcar no Tietê e não tem a mínima noção do que é o tal ‘mercado de trabalho’ em São Paulo. Dentre outros infinitos exemplos de pessoas que não conseguem sequer desligar o celular na hora da seleção.

- Onde você já trabalhou?
- ‘Trabalhei na blá blá blá e lá na blá blá blá...’
- Por que você saiu da última empresa?

SEMPRE AS MESMAS RESPOSTAS:
- ‘Porque a empresa faliu...’
- ‘Porque acabou o serviço...’
- ‘Porque eles queriam que eu fizesse o que não era minha obrigação...’
- ‘Por causa da crise....’ (esse é o argumento da moda nas últimas dinâmicas)

Eu tenho 21 anos, curso o terceiro ano de uma faculdade extremamente cara (que eu pago sozinha), já fiz 1 ano de estágio numa assessoria de imprensa enorme e ainda por cima tenho um cargo de supervisão de um setor inteiro... Ai eu penso: o que eu fiz de diferente?

As pessoas querem um emprego, mas não querem trabalhar! O meu primeiro emprego foi aos 14 anos quando eu atendia numa barraca de pastel na feira, aquela mesma que você vai no sábado comer um pastel de frango e tomar um caldinho de cana. Acordava às 04h30, ficava com o pé molhado caso chovesse e fedia a óleo.

O segundo emprego aos 15 anos foi num Pet Shop e eu ganhava R$ 150,00 por mês. Ficava com o pé molhado (de novo) além de todo o resto do corpo molhado de tanto dar banho em cachorro, tomava mordida e fedia a cachorro.

Depois entrei para o ramo de Telemarketing onde estou até hoje. O ano mais punk da minha vida se tratando de trabalho foi o ano passado quando tinha 2 empregos. Entrava às 6h00 no meu estágio (domingo a domingo) saia às 13h00 e entrava no meu emprego nº 2 às 13h30. Passei uns 4 meses almoçando uma rosquinha de bolinho de chuva coberta de açúcar que custa R$ 0,60 muitas vezes comia porque não dava tempo e muitas porque não tinha dinheiro. Dormia por volta de 4 horas por noite já que chegava tarde depois da faculdade. Passava mal de tanto sono que dava até desespero de não poder dormir e ser obrigada a ficar acordada.

O que sempre digo par mim mesma é: ‘quem disse que ia ser fácil?’

Eu acho revoltante quando vejo uma pessoa que teve as mesmas possibilidades do que eu e as desperdiça e só se preocupa em fazer filho na vida. Ninguém quer trabalhar feito um filha da puta para pagar uma faculdade e ser alguém na vida. É muito fácil você encostar a cabeça num ônibus e falar que a culpa é do Lula ou do José Serra quando não se tem o mínimo de vontade de crescer e querer tudo na mão. Sabe o que realmente penso? Que se tive a capacidade de vir de Várzea Alegre e ser alguém na vida aqui, qualquer um pode ser alguém, pode arrumar um bom emprego, pode fazer um currículo que preste, pode usar camisinha, pode desligar a porra do celular numa dinâmica e pode parar de mentir que a última empresa faliu e assumir que a culpa foi da própria pessoa que não tem nem qualificação pra ganhar um salário mínimo!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Deitados numa banheira de gelo

Foto de Nancy Stockdale

Houve uma época na minha vida (ano de 2008) em que eu me deparei com vontade de ir a um bar ver alguma banda ao vivo e tomar algumas cervejas e pensei "não tem ninguem que eu queira ou que sirva pra ir comigo".

Sou estremamente exigente com as minhas amizades! Fiquei um ano sem sair sequer para ir a um buteco na esquina, nem eu sei como consegui tal proesa, só sei que nunca mais faço isso. A culpa era de um vegetal a qual fiquei presa até o meio do ano passado.

Para resolver esse problema eu criei dois grupos no meu msn e adicionei umas cem pessoas. Como faltavam alguns dias para a festa do meu aniversário e ninguem dos meus amigos estavam afim de ir eu convidei meus amigos internautas... A festa lotou de gente que nunca tinha me visto pessoalmente e foi até engraçado, pois os convidados não sabiam que tinham tanta coisa em comum.

O ponto é: às vezes se está só e suas amizades não tem quase nada em comum com você e alguem totalmente aleatótio perdido na terra de ninguem que é a internet lhe completa mais do que os outros que moram ao lado da sua casa, que te vêem todos os dias no trabalho, na faculdade ou num curso e não compartilham da mesma filosofia de vida e nem dos mesmos interesses.

Um dos exemplos que encontrei é o Wagner Nunes que é um fantástico Programador e que teve os mesmos problemas familiares que os meus. Através dele conheci o Fred Heitmann que é um Estatístico do Itaú e é outra pessoa maravilhosa. O que eu mais gosto neles é a perspectiva de vida que eles tem. O Engenheiro da Computação Eduardo Zimerer que tem um humor negro pior do que o meu e é estremamente engraçado é uma pessoa que não largo por nada assim como o desenhista Felipe Jaça que além de engraçado também tem paciência pra me aturar quando estou de TPM.

Conheci inúmeros músicos e o mais importante deles é o meu namorado Rodrigo Marini que é Programador e guitarrista da banda Chakra. Aliás, esse merece uma consideração especial, nunca imaginei que fosse me apaixonar tanto por uma pessoa que nunca vi. O conheço a seis meses e já viajamos três vezes. Tudo é estremamente intenso e impressionante, não sei o que teria feito todos esses meses se não o tivesse conhecido.

A rede proporciona incontáveis possibilidades e oportunidades. Não me faltam mais amigos para fazer qualquer programa, desde de um show de rock até uma luta de Muay Tai. Óbviu que tem que se tomar um certo cuidado para não parar numa banheira de gelo, por que nunca se sabe se você está conversando com seu próximo melhor amigo ou com algum traficante de orgãos. No meu julgamento não custa nada tentar!

terça-feira, 3 de março de 2009

Desenvestimento de patrimônio



Igreja São Francisco de Paula que está fechada para visitação

Estive em Ouro Preto na semana do carnaval. Realizei um grande sonho que era conhecer um dos maiores acervos de arte Barroca do Brasil. A cidade é linda, confesso que as ladeiras são bem desanimadoras... Os moradores são muito receptivos e há muitissimos estrangeiros que vem pelo mesmo motivo que o meu... A comida mineira é um caso a parte... Principalmente a que comi no restaurante Boca da Mina.

Contudo, nada é tão perfeito, nem a economia dos EUA quanto dirá essa cidade. A critica entretanto não é para ela e sim para o investimento que o gorverno federal faz. Estive em todas as igrejas, capelas, pontes, chafarizes, museus e casas históricas e o que encontrei foi um descaso para com um dos patrimonios mundiais. Muitas das "atrações" estavam fechadas por risco de desabamento do teto.

Em toda a cidade eu vi duas obras do governo federal em uma igreja e outra num casarão.

Fui numa quitandinha comprar alguns limões para fazer uma caipirinha, o lugar tinha no máximo uns dez metros quadrados e quase nenhuma variedade de frutas e legumes. Não ficou para traz o mercadinho que visitei que de tão bagunçado as pessoas até evitavam entrar. Guardadas as proporções da cidade e todos os argumentos que alguém já esteja pensando isso não justifica nada. O governo deveria estimular e ajudar na estruturas destes pequenos comércios, não é preciso que o Carrefour monte uma filial lá, mas o minimo de organização é necessário para aumentar ainda mais o turismo na cidade.